Estrela Paulo é treinadora-adjunta da ADC Gualtar. É carinhosamente tratada por Estrelinha pelas atletas e desempenha o importante papel de estar sempre junto delas, atendendo à vertente psicológica, ajudando no bem-estar de cada uma e consequentemente no bem-estar do grupo. Abraçou esta época este novo projecto, juntamente com a restante equipa técnica à qual pertence há 3 épocas.
Estrela Paulo na primeira pessoa...
Sendo de uma área de formação que em nada se relaciona com o desporto, abraçou o futsal como hobbie. De que forma e quando se ligou ao futsal feminino?
Sim, a minha área não se relaciona com desporto, mas sempre me interessei por essa área até porque já dei aulas a alunos do Curso de Educação Física e Desporto e também pratiquei várias modalidades.
Em 2006 surgiu, com surpresa, um convite da ADER Mogege no sentido de eu e o Bruno apresentarmos um projecto para relançar o futsal feminino, uma vez que tinham perdido todas as atletas. Aceitamos o desafio, porque eu gosto de futsal e o Bruno sempre o praticou. Não foi nada fácil, mas lá se conseguiu construir a equipa. A segunda época do projecto correu melhor e no final e face a todos os imbróglios que vivemos, saímos com a sensação de missão cumprida. O projecto terminou e esse fim coincidiu, precisamente, com a criação do novo projecto na ADC Gualtar.
E é precisamente uma das grandes responsáveis pela criação deste projecto, que é já um projecto vencedor. Quer explicar-nos como tudo aconteceu?
Já se falou algumas vezes da necessidade que tínhamos em juntar um núcleo de atletas que se davam bem, mas que viviam o futsal em equipas diferentes. Tal não fazia sentido, porque cada vez mais havia a necessidade de gritarmos os mesmos golos e partilharmos as mesmas situações de jogo. A solução passava por fazermos um novo projecto, no qual realço a pessoa do Sr. Hernâni, pai da nossa capitã Mélissa, que desde logo disponibilizou os recursos financeiros necessários. Depois só foi preciso clube e aí a escolha recaiu pela ADC Gualtar.
Relativamente à responsabilidade, sinto grande responsabilidade na equipa, tal como sente o Bruno, a Sónia, a Mélissa, a França... fomos nós que a sonhamos, fomos nós que a criamos.
E face a tudo isso e dada a união que existe no grupo, é natural que muita gente se refira à equipa como uma "família". Como é conviver com estas atletas?
Muitas pessoas, externas ao grupo, podem achar estranho referirmo-nos à equipa como uma "família" e até já ouvimos comentários relativamente a isso. Não é uma nem duas pessoas que sentem a equipa assim, somos todos... é um sentimento comum, portanto deve ser respeitado. E se fizermos uma retrospectiva a tudo o que já passamos e vivemos, se lhe disser que as atletas passam grande parte do tempo em minha casa, onde se comportam como em própria casa, posso dizer que somos mesmo uma "família" e não precisamos de laços de sangue para nos sentirmos assim tão próximos. Respeitamo-nos, sentimo-nos e sobretudo estamos sempre lá. As coisas não se explicam... sentem-se. As atletas sabem de que falo... elas com quem convivo diariamente, porque para nós há sempre motivo para nos juntarmos, sabem exactamente o que penso sobre cada uma e que podem contar sempre comigo.
Mais do que ganharem um campeonato ou uma taça são umas verdadeiras campeãs no resto e é assim que têm de encarar tudo na vida.
Ao entrar de corpo e alma neste novo desafio, certamente criou expectativas. A equipa tem correspondido a essas expectativas?
Com atletas como as nossas estão sempre correspondidas e até são fáceis de ser ultrapassadas.
O facto de estarmos todos juntos foi uma vitória mesmo antes de termos jogado o primeiro jogo. A partir daí foi crescer... e que crescimento!!! Crescemos todos e aprendemos com todos, desde as mais novas às mais velhas. Não há expectativas que resistam a tanto.
Tal como se pode depreender das suas palavras, a sua entrega tem sido total, procurando o bem-estar constante do grupo. Esperava entregar-se deste jeito quando integrou o grupo?
Já conhecia grande parte do grupo. Escolhemos as atletas com base em critérios não só desportivos, mas também relacionados com outros aspectos, de forma a conseguirmos harmonia no balneário. Fizemos captações de maneira a preencher a equipa e até nisso, nas pessoas que escolhemos, conseguimos uma simbiose perfeita com o grupo.
Conhecedores do grupo que tínhamos, agarramos algumas atletas que eram autênticos desafios em termos psicológicos e conseguimos tirar o melhor de cada uma.
Se inicialmente sabia que me ía entregar, porque o faço de corpo e alma em tudo aquilo que acredito, os acontecimentos que se sucediam e a grande união levaram a que todos merecessem a minha entrega total, bem maior do que a que estava à espera.
E tudo foi recompensado com um título... neste caso a Taça...
Não. Diria antes que tudo foi sendo recompensado ao longo deste tempo de trabalho, com a simples alegria nos olhares de cada pessoa... Podíamos não ganhar nada que já nos sentíamos recompensados. Fomos uns afortunados em ter este grupo de atletas, em viver as emoções que vivemos. Não se explica...
Mas certamente reconhece que ganhar um título no primeiro ano de formação da equipa é algo fora do comum e que concerteza os deixa ainda mais felizes. Pode comentar?
Sim, pode ser algo fora do comum, pode ser bom para o clube, pode ser uma alegria muito grande, pode ser isto tudo junto, mas para nós é sobretudo o fruto do trabalho que todos fizeram nestes últimos meses e digo isto a todos os níveis e tendo cada um a sua função. Falo também dos sacrifícios que uma ou outra atleta fizeram em prol da equipa. Claro que ficamos felizes e eu mais ainda... por tudo, mas principalmente porque estas atletas mereciam.
E nesta altura será legítimo perguntar pelo futuro...
Não quero estar a fazer futurismo, até porque o que hoje é verdade amanhã pode ser mentira, mas o que posso dizer é que a equipa vai continuar a treinar como sempre fez e o futuro próximo passa já pela possível participação na Prova Extra. Quanto a mim, vou certamente continuar ligada ao futsal e ao grupo, porque me dá muito prazer fazer o que faço e jamais deixaria um grupo como este. Aliás posso desde já garantir que a "família" se vai manter unida, seja onde for. É nossa intenção manter o grupo, aliás fazemos questão, porque conseguimos construí-lo com uma simbiose quase perfeita e como tal, nada nem ninguém o conseguirá destruir.
CURIOSIDADES
Cor: azul
Número: 33
Interesses: desporto, viajar, ler, pesquisar e escrever
Personalidade: sensível, extrovertida e muito divertida
Momento importante: nascimento da minha filha
Música: Feitiço (André Sardet)
Livro: inevitavelmente o da minha autoria... O Meu Mundo
Filme: The bodyguard (Lawrence Kasdan)
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