Mélissa Antunes veste a camisola 37 da ADC Gualtar. Ostenta orgulhosamente a braçadeira de capitã, surgindo como a voz de comando de uma equipa que ajudou a construir. Com um jeito inato para tratar a bola, é internacional A e sub-19 de futebol 11, provando que a sua genialidade não se resume apenas ao futsal.
Mélissa na primeira pessoa...
Apesar de jovem, contas já com alguns anos de experiência, primeiro no futebol 11 onde fizeste a tua formação e só depois no futsal. Queres falar-nos do teu percurso desportivo?
Desde cedo que a minha "simpatia" pela bola foi notória e como tal pedi aos meus pais para me inscreverem numa escola de futebol. Passei pelas escolinhas da Fair-play e do Merelinense FC, onde joguei futebol 7. Posteriormente dei um salto para o futebol 11 e entrei no Campeonato Distrital de Iniciados masculinos. Nesses dois anos desenvolvi atributos que hoje se tornam evidentes. Jogar com rapazes requer muita força, garra e muita disciplina.
Aos 15 anos não permitiram que participasse no Campeonato Juvenil masculino e foi então que rumei para a minha categoria... o feminino, ao mesmo tempo que mudei para outro palco... o futsal! Representei o SC Maria da Fonte durante 3 épocas, onde fui campeã distrital por 2 vezes. Actualmente encontro-me a representar a ADC Gualtar.
Descobertos os teus dotes inatos para a bola, despertaste a atenção de todos por onde passaste e aos 16 anos viste o teu esforço reconhecido ao teres a oportunidade de representar a nossa selecção, que aliás continuas a representar. O que representa para ti tudo isso?
É verdade! Aos 16 anos o meu coração disparou de alegria e ansiedade quando me foi dito que fui convocada para a selecção nacional. Foi e é um grande orgulho.
Certamente que sinto o mesmo que todos aquele(a)s que têm a mesma oportunidade do que eu. Este sentimento enche-nos de força porque representamos as nossas cores, o nosso país, a nossa nação.
Pese embora todo esse orgulho e alegria, não jogas futebol 11 e a tua primeira escolha, dos inúmeros convites que recebes, vai sempre para o futsal. O futsal é mesmo a tua paixão?
Como já referi anteriormente, a minha formação foi feita em grandes campos. Gostava e gosto muito de jogar futebol 11. No entanto, aos 15 anos mudei-me para o futsal porque senti que havia mais contacto com a bola e que o jogo podia tornar-se muito emocionante, pois num minuto podem marcar-se vários golos, tornando-se um belo espectáculo. Todas estas condições eram adequadas dadas as minhas características físicas, psicológicas e acima de tudo técnicas. Perante tudo isto, cá estou eu no futsal, onde sou muito feliz!
Conhecida como uma pessoa que luta sempre por aquilo em que acredita, optaste esta época por ajudar a construir este novo projecto na ADC Gualtar. Como é que tudo aconteceu?
Como é sabido obtive inúmeros resultados desportivos no SC Maria da Fonte. Tínhamos uma excelente equipa e um bom grupo, mas senti necessidade de rumar para outro lado. Necessitava de outras responsabilidades para poder crescer. Entretanto, e na devida altura, cruzaram-se na minha vida dois elementos da equipa técnica do Mogege. Sempre demonstraram muito respeito e apreço por mim e com eles algumas das atletas que hoje estão connosco.
Dada a amizade que se criou, surgiu a necessidade de formarmos um grupo "nosso". Não foi fácil reunir as devidas condições, mas com tanta ambição conseguimos quebrar várias barreiras e agora aqui estamos... finalmente juntos!
Naturalmente que deves ter consciência do importante papel que tens no grupo e que o facto de seres capitã te acrescenta responsabilidade extra. Como é trabalhar com este grupo?
É simplesmente fantástico! Eu já conhecia a equipa técnica e grande parte das atletas, tal como já disse, mas sinceramente não estava à espera de tanta alegria e boa disposição, além do imenso respeito, vontade de trabalhar e de crescer que cada pessoa demonstra.
E se me permite, gostaria de prestar uma homenagem a cada pessoa do grupo...
Temos uma F. Raquel muito disciplinada e rigorosa tacticamente, a qual consegue juntar o seu grande espírito de equipa. A nossa Nuskinha é um destaque pela excelente jogadora que é e que alia a esse facto a sua capacidade cooperativa para com o grupo. A Susana tem uma capacidade explosiva incomum e muito tem surpreendido pela humildade demonstrada perante tanta experiência. A Tracy é uma jogadora muito desenvolvida tecnicamente e cheia de boa disposição. A Aurora é uma guarda-redes cheia de agilidade e simpatia. A Bina, apesar de pouco presente, marca-nos sempre pela alegria e capacidade de fazer sorrir. A Marlene demonstra muita vontade em crescer e uma assiduidade importante perante o grupo. A Alex é muito humilde e talvez a jogadora mais esforçada que já alguma vez conheci. A Tita é uma miúda carinhosa e dada ao grupo. A Ka, que se associou a nós mais tarde, é um exemplo de vontade e garra. E por fim temos a nossa Maria, que apesar de muito jovem tem já muita qualidade. A juntar às minhas colegas de grupo temos 4 fabulosos membros da equipa técnica. O Bruno, nosso treinador, destaca-se pela postura, capacidade de liderança e preocupação. Temos também a Estrelinha, que é a nossa estrela da sorte, pois tem uma capacidade única de compreender as suas atletas, aliando o seu oportunismo, dedicação e bom humor. O sr. Fernando, nosso massagista, é uma segurança pela sua formação na área da saúde. Evidencia-se também pela sua boa-disposição empregue no dia-a-dia. Para terminar temos a nossa seccionista, a Sónia, sempre disposta a entregar-se ao grupo, fazendo-o de forma muito emocional.
E é assim que sinto cada pessoa e o grupo. Sinto que somos diferentes e felizes, mas iguais na forma como nos entregamos uns aos outros e na determinação de sermos cada vez melhores.
Nota-se, pelas tuas palavras, que sentes de especial maneira a equipa e que eras capaz de fazer qualquer coisa em prol do grupo. Com que Mélissa pode o grupo contar, até final da época?
É mesmo isso... sinto a equipa de maneira especial, aliás, muito especial. É difícil não sentir dado tudo que elas são. Com uma equipa assim quem não está disposto a entregar-se?!
Eu vou dar tudo porque num meio assim sinto-me capaz de muito, e em campo os resultados que queremos vão aparecer, porque me sinto em grande forma para as ajudar. Forma esta que nasce da felicidade e do orgulho que me proporcionam. E arrisco-me a reverter o ditado, pois para mim também existe uma "mente sã em corpo são".
Perante tanta união e dedicação, sendo a voz de comando do grupo e face ao bom posicionamento da equipa, sentem a pressão de vencerem o campeonato e/ou a taça?
Nenhuma! Temos 4, 5 meses de trabalho em conjunto. Que nos podem exigir? Pressão têm de ter as equipas que trabalham juntas há anos e que precisam de vencer algo para que o trabalho que fizeram e fazem não tenha sido sempre em vão.
Nós trabalhamos sempre no limite para sermos cada vez mais e melhores, embora não tenhamos de provar nada a ninguém. A equipa sabe o que quer e posso garantir que estamos preparadas e que vamos lutar para vencer!
Mas é legítimo que face à classificação actual se pense mais alto...
Já disse isto várias vezes e volto a repetir... a maior vitória que tivemos até hoje é estarmos todos juntos na mesma equipa. Essa foi conseguida e é a mais importante.
Vamos para todos os jogos com a alegria no rosto, com a certeza do que queremos e com muita garra e determinação. Olhamo-nos sempre nos olhos antes, durante e depois dos jogos. Não há nada que pague esta alegria que nos torna únicas.
Respeitamos o papel que cada pessoa desempenha, porque todos são importantes e fazem falta, mas acima de tudo sentimos confiança no trabalho que cada uma faz. Temos a consciência tranquila de que deixamos sempre tudo em campo e que qualquer equipa que nos queira vencer, e aqui acrescento desde que justamente e sem artifícios de outros, tem de ser muito melhor que nós. Aí, daremos os parabéns ao adversário. Não temos nada a perder, antes pelo contrário, muito para ganhar.
É o primeiro ano da equipa, é o primeiro ano de algumas atletas, se conseguirem vencer algo terá certamente forte impacto. Já pensaram nisso?
As pessoas extra equipa pensam mais nisso do que o próprio grupo. Ainda não tínhamos clube e já ouvíamos dizer que éramos candidatos a isto e aquilo.
Criamos a equipa, lutamos jogo a jogo e no fim logo se vê. Se me perguntasse se a equipa merece, isso dir-lhe-ia sem hesitar que sim, porque faz um trabalho sério, porque é um exemplo de união e porque respiramos futsal, em campo, fora dele, no cinema, nas festas que fazemos, etc...
Neste momento, como capitã e como uma das responsáveis pelo projecto, posso garantir que o propósito nunca foi ganhar nada. É óbvio que se a oportunidade surgir não a vamos deixar escapar por nada deste mundo.
Para finalizar e enquanto capitã, queres deixar uma palavra a todos quantos vibram e acreditam na equipa?
Sim, como é óbvio gostaria de agradecer a todos quantos acreditam em nós. Acima de tudo é bom sentir o apreço, pois motiva-nos para fazermos cada vez melhor. Espero poder proporcionar bons momentos de futsal e muitas alegrias a quem sabe apreciar e gosta de nos dar valor. De tudo temos feito para que sintam ainda mais vontade de nos seguir.
Para todos esses desvendo um dos nossos segredos de balneário... aquele grito que damos antes de cada partida e que diz Gualtar, simboliza muito mais que o nome da equipa... significa Garra, União, Alegria, Luta, Tranquilidade, Ambição e Rigor. É isto que sentimos, é isto que prometemos, olhos nos olhos, em cada jogo e sempre!
CURIOSIDADESCor: Rosa
Número: 11 e 37
Interesses: Futsal, futebol
Personalidade: Forte, lutadora e generosa
Melhor momento: 11/06/2008
Música: You are loved (don't give up) (Josh Groven)
Livro: O Meu Mundo
Filme: A paixão de Cristo
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